Vale a pena ser programador?

Quando a questão é escolher uma carreira, alguns já sabem o que querem desde muito cedo na vida. Outros, porém, têm muitas dúvidas sobre que rumo profissional seguir.

Não é simples mudar de profissão depois que já se avançou em alguns anos, e isso sem contar o tempo perdido em uma profissão que se chegou à conclusão que “não bateu com a minha química”.

A maioria dos que se veem em situação de ter que escolher uma profissão são os jovens que estão no final do seu curso de segundo grau. Muitos precisam se decidir por um curso superior. O que estudar? Outros já têm dificuldades financeiras e, se não conseguirem entrar em uma faculdade pública, terão que enveredar por algum tipo de trabalho que não requeira formação superior.

A profissão de programador não exige formação superior para ser desempenhada. A formação que o segundo grau fornece já é suficiente para trabalhar em programas mais convencionais, de uso comercial e outros do tipo.

Obviamente que existem aplicações em programação que requerem conhecimentos mais aprofundados, como, por exemplo, as científicas que envolvam cálculos e/ou teorias complexas, geralmente estudadas em cursos superiores ou de pós-graduação. Nesses casos há pouco espaço para o programador de formação secundária, mas, como dito anteriormente, há mercado de sobra para outros tipos de aplicação.

A exigência de um certificado de curso superior fica por conta do empregador. Se a empresa contratante exigir que o programador tenha formação superior, aí somente esses conseguirão entrar no processo seletivo. Caso contrário, outros podem ter sua vez. E, com um bom salário de programador, podem planejar fazer seu curso no período noturno.

E quanto ganha um programador? Segundo o site vagas.com.br (consulta em 22/04/2022) um programador (genérico) ganha, na média de todo o território brasileiro, R$ 2.800,00. Essa média deve aumentar nas capitais e cidades maiores e deve aumentar também à medida que seja necessária uma especialidade em alguma área.

Nos idos de 2009, surgiu, na minha vida, uma vaga de programador (o título era Especialista em Programação) com salário de R$ 11.000,00!! Era em uma empresa em que trabalhava uma pessoa conhecida minha, e eu até poderia me candidatar a essa vaga, mas o problema é que exigia uma fluência bastante avançada na conversação em inglês para trato com pessoal nos Estados Unidos e eu só tinha domínio na leitura técnica. Até dava para conversar com outro colega, mas ficava aquém do exigido pela vaga. Mas, considerando uma taxa inflacionária de 5% ao ano, caso esse salário fosse corrigido segundo essa taxa, hoje estaria próximo de R$ 20.000,00.

É interessante ter em mente que, em qualquer área, salários maiores são pagos aos melhores profissionais do mercado, portanto, se você almeja um salário diferenciado, prepare-se para estudar muito e dominar tudo da área, porque a concorrência aumenta à medida que os salários também aumentam.

Outro dado importante é que há carência de bons profissionais no mercado de TI. E não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Segundo alguns estudos, o ritmo em que novas vagas são abertas é maior do que o surgimento de novos profissionais. Essa situação é ruim, sem dúvida alguma, para as empresas que precisam contratar, mas excelente para os profissionais, pois a tendência é que os salários aumentem.

Se você leu este artigo até este ponto e estou te convencendo a ingressar nessa área, tenha em mente que, como já falei anteriormente, (1) bons salários são para bons profissionais; (2) também é bom saber que o aprendizado não é tão rápido como pregam alguns vendedores de cursos online que oferecem cursos em que você se tornará um programador em 3 semanas e em um processo extremamente agradável. Esse período vai servir para você adquirir um conhecimento básico, muito aquém do mínimo exigido pelo mercado de trabalho, e, quanto a ser agradável, eu diria que esse fator está muito relacionado com a facilidade com que você assimila os novos conceitos. À medida que a complexidade aumenta, a dificuldade de entendimento também vai aumentando, o que gera ansiedade e, portanto, o tal processo “agradável” cai por terra. Portanto, em minha opinião, o agradável fica no básico. Para ser bom é preciso ralar muito. (3) Também é preciso ter perfil para trabalhar com programação – raciocínio lógico, matemática, conhecimentos técnicos da estrutura interna do computador, interesse nos detalhes, lembrando também que programar é um trabalho, com algumas exceções, de natureza predominantemente solitária. Também não confunda gostar de mexer em aparatos tecnológicos com ter perfil para trabalhar no desenvolvimento desses aparatos. Uma coisa é gostar de ir a bons restaurantes e saborear bons pratos, ser um bom gourmet, e outra é ir para a cozinha preparar esses pratos, ou seja, ser um chef. São coisas muito diferentes.

Muito bem, se ainda assim você continua animado em ser programador, você precisa ter em mente as linguagens de programação que gostaria de trabalhar. O site tiobe.com/tiobe_index/ apresenta estatísticas das linguagens mais utilizadas mundialmente. As linguagens mais utilizadas na atualidade são a Python, a Java, a C, a C++ e a C#. Uma linguagem mais utilizada no mercado é sinônimo, via de regra, de mais vagas de emprego. Começar a trabalhar com uma linguagem de pouca utilização deve ser uma decisão muito bem pensada, pois será mais difícil mudar de emprego ou conseguir uma recolocação em caso de demissão.

No entanto, existem segmentos, onde se pagam bons salários, que utilizam linguagens específicas. O mundialmente famoso sistema SAP, onde atuam profissionais muito bem remunerados, utiliza uma linguagem proprietária chamada ABAP. Para trabalhar como programador nesse sistema você vai ter que aprender ABAP. A empresa brasileira TOTVS também desenvolveu uma linguagem proprietária que é utilizada nos seus principais sistemas. O objetivo da TOTVS na época foi não ficar mais na dependência de linguagens que podem, simplesmente, ser descontinuadas, o que ocorreu com o ambiente Visual Objects, adotado pela TOTVS. No caso dos sistemas da Apple existe a linguagem Swift, uma variação da C++ que se chamava Objective C. Quer trabalhar com ambiente Apple? Aprenda Swift.

Bom, acho que já me estendi demais. Caso ainda esteja inclinado a seguir essa apaixonante profissão e começar a aprender a programar, mas, por alguma razão, seja financeira, tempo, ou ainda não tem idade para iniciar um curso superior, confira meu curso na plataforma udemy.com.

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Marcio Feitosa
professor e doutor em inteligência computacional